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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Experiência positiva no AEE


Há dois anos recebemos na SRM uma aluna, que foi enviada para a nossa sala pela professora da sala regular por apresentar problemas de aprendizagem, dificuldades de socialização, baixa autoestima. Nesta época a aluna tinha nove anos e estava cursando o terceiro ano, ainda não lia convencionalmente, não tinha nenhum colega na sala de aula, sentava na última cadeira não conversava com ninguém e só falava por monossílabos, quando alguém lhe perguntava alguma coisa. Após o diagnóstico inicial e de entrevistas feitas com a aluna,com a professora da sala regular e com a família, constatou-se a necessidade dela ficar no AEE. Neste momento foi traçado um plano voltado para atender suas necessidades, se descobriu que a causa principal da aluna ser extremamente retraída e de sua baixa autoestima era devido ao seu fracasso escolar. Quase todas as crianças de sua turma lia e ela ainda se encontrava na fase silábica da leitura e escrita, se sentia incapaz, se achava feia e dizia que ninguém queria ser sua amiga. De acordo com as necessidades da aluna elaboramos objetivos específicos para ela que foram: Melhorar sua autoestima, alfabetizá-la,possibilitar-lhe meios para se integrar a sua turma e fazer amizades. O primeiro passo, foi conversar muito com "ANA" (este não é o nome verdadeiro da aluna)para conquistar sua confiança,era muito retraída, nessas conversas mostrava-lhe que era muito importante se fazer amigos, por que ninguém conseguiria viver bem sem compartilhar as alegrias e tristezas com alguém e que na sala de aula deveria ter alguma coleguinha que gostaria de ser sua amiga; por que não tentava chamar uma menina para brincar no intervalo, sentar junto para trocar idéias e assim por diante. Enquanto ia incentivando-a e mostrando-lhe a importância de se ter amigos, certo dia ela chegou na SRM com um livro enorme muito colorido e pediu-me para ler para ela. Levei-a à pracinha da escola e sentei-me de frente a aluna, não era aquilo que havia planejado para aquele dia, mas resolvi satisfazer o seu interesse. Li o livro pausadamente fazendo as vozes das personagens e todas as entonações possíveis para chamar o máximo de sua atenção. Deu certo, Ana nem piscava. Quando terminei de ler o livro (Cinderela), perguntei-lhe sobre os personagens e detalhes do livro para saber se havia entendido a história, ela acertou tudo em detalhes. A parabenizei e mostrei-lhe quanto era inteligente e que podia aprender como todas as crianças. Nas nossas conversas sempre dizia isso para ela, que era capaz de aprender. Neste dia após o intervalo, Ana pediu a professora da sala regular para ler a história para a turma, a professora não acreditou ficou muito surpresa, e como já havia um aluno para ler uma história naquele dia, ficou em dúvida se a deixaria cumprir com essa tarefa pois ela nunca havia se interessado em realizar qualquer outra atividade dessa espécie na sala. A professora resolveu lhe dar essa oportunidade, ela ficou surpresa pois Ana fez a pseudo leitura do livro para toda turma, contou a história com início, meio e fim mostrando as ilustrações do livro do mesmo jeito que fiz para ela. Sua professora, no dia seguinte me perguntou o que eu havia feito com ANA, disse-lhe que não havia feito nada demais, apenas lhe dei a atenção necessária para que conseguisse vencer essa etapa, na sala de Ana após o intervalo, um aluno lia um livro ou fazia a pseudo leitura de um livro que no dia anterior tinha levado para casa. Ana tinha vontade de participar dessa atividade, mas não se sentia capaz de fazê-la, quando foi lhe dado a oportunidade de superar a timidez e de aprender uma história para ser contada para sua turma, ela mostrou que era capaz como qualquer criança. Ela só precisava de uma atenção individual, única, para mostrar suas potencialidades. Após esse episódio Ana se sentiu mais segura, pois a professora e a turma a parabenizaram e a valorizaram quando ouviram atentamente sua história e a aplaudiram no término da mesma.Sua autoestima começou a melhorar, com três semanas depois a aluna me disse que tinha uma amiga na sala e com mais duas semanas disse-me que já tinha mais duas amigas. Ana terminou o ano lendo e escrevendo. Utilizei muitos jogos de alfabetização no computador como Dally Doo, Menino Curioso,ALFA_ANNI, ALFABETO e outros. Também utilizei A caixa de areia, caça-palavras, sudokos, bingos, cruzadinhas e todos os jogos de alfabetização o mais lúdico possível que pude encontrar. Foram dois anos e meio de trabalho, mas hoje vemos os resultados positivos. Ana que no terceiro ano se encontrava na fase silábica da leitura escrita, depois de quase três anos no AEE e com apoio de suas professoras irá para a sexta série em 2012. Isso realmente é muito gratificante. Esqueci de dizer que este ano sua mãe levou um laudo médico, à escola informando-nos que Ana tem deficiência mental leve, F.70. Ela este ano está participando da Cantata de Natal que realizamos todos os anos na escola e apresentamos para toda comunidade escolar. A aluna já não anda mais sozinha no recreio, brinca normalmente com os colegas e não senta mais sozinha na última carteira, senta na frente com uma de suas coleguinhas. Ela ainda tem déficit de aprendizagem, mas lê e entende o que lê. Escreve pequenos textos. A professora atual de sala regular me falou que Ana, reclama quando não gosta de algo e pergunta quando tem dúvidas. Em relação a ela mesma seus avanços foram enormes. Oportunizar o atendimento específico para cada aluno é fator fundamental para o seu desenvolvimento.

sábado, 12 de novembro de 2011

BAIXA VISÃO


ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE BAIXA VISÃO


Abaixa visão é uma deficiência que requer a utilização de estratégias e de recursos específicos,sendo muito importante compreender as implicações pedagógicas dessa condição visual e usar os recursos de acessibilidade adequados no sentido de favorecer uma melhor qualidade de ensino na escola. Quanto mais cedo for diagnosticada, melhores serão as oportunidades de desenvolvimento e de providências médicas, educacionais e sociais de suporte para a realização de atividades cotidianas. Abaixa visão pode ser causada por enfermidades, traumatismos ou disfunções do sistema visual que acarretam diminuição da acuidade visual, dificuldade para enxergar de perto e/ou de longe, campo visual reduzido, alterações na identificação de contraste, na percepção de cores, entre outras alterações visuais. Trata-se de um comprometimento do funcionamento visual, em ambos os olhos, que não pode ser sanado, por exemplo, com o uso de óculos convencionais, lentes de contato ou cirurgias oftalmológicas. Algumas das enfermidades que causam baixa visão são a retinopatia da prematuridade, a retinocoroidite macular por toxoplasmose, o albinismo, a catarata congênita, a retinose pigmentar, a atrofia óptica e o glaucoma ambiente.
A baixa visão corresponde à acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no olho de melhor visão e com a melhor correção óptica. Considera-se também baixa visão quando a medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60 graus ou ainda quando ocorrer simultaneamente quaisquer das condições anteriores. Quando a perda total ou parcial da visão ocorre desde o nascimento ou nos primeiros anos de vida, a criança desenvolve um modo particular de ver as coisas ao redor, de explorar, de conhecer o entorno. Ela aprende a interagir com as pessoas e objetos a sua maneira, usando os sentidos remanescentes para perceber, organizar, compreender e conhecer. Portanto, a criança, desde cedo, deve ser estimulada a agir em seu ambiente.
Não se pode generalizar afirmando que todos os alunos com baixa visão demonstram dificuldades quanto a aceitação ao uso de recursos ópticos indispensáveis para melhorar a qualidade e o conforto da visão. Isso dependerá da mediação feita pela família e escola para que o aluno compreenda a importância da utilização desses recursos que melhorarão sua visão. Algumas vezes o aluno com baixa visão se recusa, por enxergar um pouco e não se sentir muito confortável em usar os recursos óticos oferecidos, mas é preciso incentivá-lo até que se habitue com o recurso óptico recomendado pelo médico.
Quanto mais se estimula o resíduo visual de uma pessoa com baixa visão , melhor será seu desempenho. A falta de estimulação contribui para a perda da funcionalidade visual.
Pessoas com o mesmo diagnóstico e grau de acuidade visual semelhante podem apresentar diferenças significativas em relação ao desempenho visual se tiverem estímulos e uso visual diferentes. Quanto mais se usa a visão melhor será seu desempenho.
Os recursos não ópticos devem ser escolhidos de acordo com as possibilidades de cada pessoa individualmente.
Nem todo aluno com baixa visão necessita de recursos ópticos, o oftalmologista deverá fazer essa avaliação.
A avaliação funcional da visão refere-se a avaliação qualitativa do uso eficiente da visão e pode ser feita por diferentes profissionais e é obtida por meio de observação do comportamento visual com objetos do cotidiano, conhecidos e usados na prática de atividades de rotina do educando.
É necessário ser flexível quanto ao tempo na realização das atividades avaliativas que dependem de desempenho visual para os alunos com baixa visão.
A avaliação funcional da visão é obtida por meio da observação do comportamento visual, o professor e familiares colaboram para que esta avaliação aconteça.
É mais difícil perceber a baixa visão nos primeiros anos de vida por que o uso da visão para perto é predominante, os objetos de manuseio diário têm cores fortes e contrastantes; os desenhos e objetos são maiores com poucos detalhes.
A eficiência da visão melhora na medida do seu uso.

OBS: Recursos ópticos
Recursos ópticos são lentes ou recursos que possibilitam a ampliação de imagem e a visualização de objetos, favorecendo o uso da visão residual para longe e para perto. Exemplos de auxílios ópticos são lupas de mão e de apoio, óculos bifocais ou monoculares e telescópios, dentre outros, que não devem ser confundidos com óculos comuns. A prescrição desses recursos é da competência do oftalmologista que define quais são os mais adequados à condição visual do aluno. Os auxílios ópticos para perto podem ser óculos com lentes especiais, lupas manuais ou de apoio que possibilitam, por exemplo, o aumento do material de leitura. Os auxílios ópticos para longe como telescópios, favorecem a visualização de pessoas ou de objetos distantes. O aluno poderá usar esse tipo de auxílio para ver o que está escrito na lousa, identificar uma placa na porta ou na parede e aprender a observar o objeto a ser visualizado por meio do seguimento horizontal ou vertical.

Recursos Não Ópticos:

Os auxílios não-ópticos referem-se às mudanças relacionadas ao ambiente, ao mobiliário, à iluminação e aos recursos para leitura e para escrita, como contrastes e ampliações, usados de modo complementar ou não aos auxílios ópticos, com a finalidade de melhorar o funcionamento visual. Incluem, também, auxílios de ampliação eletrônica e de informática. São considerados auxílios não-ópticos: iluminação natural do ambiente; uso de lâmpada incandescente e ou fluorescente no teto; contraste nas cores, por exemplo: branco e preto, preto e amarelo; visores, bonés, oclusores laterais; folhas com pautas escuras e com maior espaço entre as linhas; livros com texto ampliado; canetas com ponta porosa preta ou azul-escura; lápis (6b) com grafite mais forte; colas em relevos coloridas ou outro tipo de material para marcar objetos ou palavras; prancheta inclinada para leitura; tiposcópio: dispositivo para isolar a palavra ou sentença; circuito fechado de televisão (CCTV): consiste em um sistema de câmera de televisão acoplado a um monitor que tem por finalidade ampliar o texto focalizado pela câmera; lupa eletrônica: recurso usado para ampliação de textos e imagens.

REFERÊNCIA:
Domingues, Celma dos Anjos.
A educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar; os alunos com deficiência visual: baixa visão e cegueira/Celma dos Anjos Domingues...[et,al.] – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial: Fortaleza – UFC, 2010.