Este ano estou trabalhando com uma aluna DV (deficiente visual), ela tem Retinopatia da Prematuridade, com visão subnormal no olho único esquerdo. Quando fiz o teste de acuidade visual percebi que só enxergava pontos de luz, cores fortes como preto e vermelho, conseguia determinar vultos, mas não formas. Não conseguiu ver nenhuma letra em tinta, foi testado até a fonte 185. As normas nos esclarecem que se uma pessoa não consegue enxergar até a fonte 36, deverá ser ensinado o código Braille, pois jamais lerá ou escreverá em tinta. A possibilidade de ter livros ou material impresso com fontes maiores que essa é mínima, devido ao volume exagerado que teria que ser esse impresso. Então diante de tudo isso, constatei que para minha aluna o ideal seria aprender o código Braille. Depois da minha avaliação pedi a opinião da minha coordenadora da Secretaria Municipal de Educação que é Doutora em DV e do Instituto dos Cegos de Natal. Todos concordaram comigo depois de ter avaliado pessoalmente a aluna. Eu já havia feito um curso de Braille há dois anos e estou reaprendendo esse código junto com ela. A primeira coisa que fiz foi fazer o Braille em tamanho grande com cartolina Guache e EVA grosso. Fiz a cela Braille inteira com todos os pontos para primeiro ensinar a localização espacial dos pontos que são (1,2,3,4,5,6), após a aluna aprender os pontos, passamos para a letra A depois a B e estamos na letra C. Ao mesmo tempo tenho trabalhado a sensibilização tátil que é fator muito importante para se aprender o Braille. Tenho usado texturas e formas diferentes para fazer esse trabalho com caixas, tecidos, lixas, material emborrachado, papéis diversos e tudo que eu posso usar para fazer minha aluna tocar, delinear com as mãos para que aprenda a descobrir o mundo com o tato. Uso também histórias e músicas em CDs, para aprimorar a percepção auditiva. Na realidade, quando se trabalha com pessoas com deficiência visual, tem-se que usar todos os sentidos restantes para auxiliar aprendizagem ( tato, olfato, audição). Quando minha aluna estiver dominando o braille grande que construí, passarei para um menor que compramos, até chegar na cela real que é minúscula, feita na reglete. Tenho muita esperança que ela aprenderá logo a ler em Braille. A minha intenção agora é ensinar-lhe palavras dissílabas com as letras que está aprendendo. E antes de Tudo o seu nome. Em breve postarei o alfabeto que construí e relatarei mais avanços, desta minha nova experiência que por sinal estou amando.
Que trabalho lindo este seu. Parabéns! Pessoas como você merecem inúmeros prêmios. Mas tenha a certeza de que há um galardão preparado por Deus. Se os homens não te premiam. Deus há de te premiar. Jesus te ama também. Bjs.
ResponderExcluirMuito lindo, seu trabalho e pela iniciativa.
ResponderExcluirEu fico maravilhada quando encontro pessoas tocada por Deus, como vocẽ para ajudar que perderam a visão.
Gostaria muito de aprender com você.
Prestei vestibular para o curso de letras, não sei se passei ainda, mas se conseguir, quero acrescentar este conhecimento a mais e estar preparada para receber alunos especiais.
Muito belo seu trabalho, parabéns.